Foto de Dimitri Houtteman de Unsplash
Foto de Dimitri Houtteman de Unsplash

"A resposta da procura no mercado imobiliário após a crise sanitária do coronavírus depende de vários fatores, tais como a evolução das fases de "desescalada", a situação financeira dos potenciais compradores, os números relativos ao emprego, o impacto sobre o investimento, etc. Contudo, a verdade é que as necessidades de habitação mudaram e, em resultado do período de confinamento, surgiram outras prioridades a considerar na compra de um novo imóvel". Esta é a perspectiva fornecida pelo último estudo da empresa imobiliária Solvia, que assegura que as mudanças estão a chegar ao mercado imobiliário tanto no setor da habitação principal como no da segunda habitação.

No estudo, salienta que as pequenas casas na praia estão a perder o seu apelo como casas secundárias ideais e a procura de casas interiores ou costeiras, nas quais o proprietário possa passar uma boa parte do ano e nas quais haja espaço suficiente para o teletrabalho está a crescer.

"O sucesso do teletrabalho a partir de casa fez das segundas casas uma alternativa que não é exclusiva aos fins de semana ou férias. Agora, graças ao previsível aumento da implementação do trabalho à distância durante o regresso à "nova normalidade", este tipo de propriedade assumirá uma maior importância. Acima de tudo, este verão, após vários meses de quarentena, os proprietários irão para as suas segundas casas para desfrutar do bom tempo na época estival, podendo trabalhar se necessário", diz o estudo.

E acrescenta que "este aumento da utilização significará que os aspetos tradicionais, que anteriormente eram tidos em conta na compra de uma segunda casa, mudarão, dando origem à necessidade de mais espaço, salas para trabalhar, luz natural ou extras".

Neste cenário, os especialistas de Solvia resumiram quais serão, a partir de agora, os principais interesses e motivações na procura de um segundo imóvel em Espanha:

Menos praia e mais apartamentos espaçosos com espaço para trabalhar

Solvia recorda que, tradicionalmente, as segundas casas na costa são normalmente pequenas propriedades com não mais de 50m2 e com um quarto. No entanto, as prioridades estão a mudar e os compradores vão querer ter uma maior superfície, flexibilidade e, sobretudo, espaços abertos, o que "não só proporcionará uma maior sensação de amplitude, como também aumentará a luminosidade da casa e ajudará a criar ambientes mais acolhedores". Para além disso, a empresa acredita que, a partir de agora, as segundas casas incluirão também salas que podem ser adaptadas como espaço de trabalho, de lazer ou de relaxamento, tanto em propriedades costeiras como em zonas rurais.

Decoração cuidada e personalizada

Outra das tendências destacadas pelo estudo é que a reciclagem de mobiliário e objetos de decoração da casa principal ou de doações familiares está a chegar ao fim. Como resultado, prevê-se que "o design da segunda casa adquira uma personalidade própria e que as despesas com a sua decoração sejam maiores do que anteriormente, uma vez que o objetivo é desfrutá-las por muito mais tempo".

O espaço exterior é obrigatório

O estudo sublinha que "após semanas de confinamento, os futuros compradores vão valorizar muito mais ter espaços exteriores (varandas, terraços, pátios, pequenos jardins) do que antes". Estes tipos de extras habitacionais têm múltiplas vantagens: a possibilidade de fazer exercício ao ar livre em casa, plantar uma pequena horta e organizar reuniões familiares, entre outras opções. Isto é algo que também será transferido às segundas residências.

Um compromisso com a luz natural e a eficiência energética

Outra das mudanças diz respeito à luz natural. Embora até agora a iluminação natural não tenha sido uma prioridade máxima nas segundas residências, está agora a assumir um papel central devido à sua influência na saúde física e mental e porque incentiva a concentração no trabalho, para além de reduzir os custos de eletricidade.

Além disso, há também um interesse crescente em edifícios que sejam eficientes do ponto de vista energético e com uma boa insonorização. Neste sentido, o estudo Solvia sublinha que "agora que vai passar mais tempo nesta "segunda casa", a poupança de dinheiro e a redução do consumo de energia vão ter maior destaque". Isto incluirá a importância de ter soluções como aparelhos de baixo consumo, isolamento térmico, tecnologia inteligente com localização ou sistemas programáveis". A instalação de sistemas de isolamento acústico também irá crescer de modo a garantir o melhor ambiente de conforto interior possível".

Materiais que protegem contra a poluição

Finalmente, o estudo conclui que "o tipo de material de construção e a sua qualidade são outros elementos que afetarão a escolha de uma nova casa". O fato de as pessoas ficarem em casa por períodos mais longos de tempo levou a uma preocupação crescente com a poluição em espaços fechados, uma consideração que se refletirá também nas segundas casas. Por esta razão, agora mais do que nunca, será altamente valorizado que uma propriedade seja construída com materiais naturais, livres de tóxicos e inofensivos. Do mesmo modo, aumentará a utilização de produtos (como gesso e tintas) capazes de degradar odores e substâncias nocivas para a saúde".