Pixabay
Pixabay

A crise do coronavírus não parece ter travado a procura de habitação em Espanha. De acordo com os dados do Centro de Investigação Sociológica (CIS) relativos ao mês de abril, 9% dos espanhóis estão a pensar mudar de casa, em linha com o valor registado no início do ano.

Muitas famílias perceberam, durante a quarentena COVID-19, que a sua casa atual não satisfaz as suas necessidades, especialmente no caso dos jovens e dos residentes em grandes áreas urbanas. Neste cenário, e dadas as oportunidades imobiliárias e as pechinchas que poderão surgir nos próximos meses pela esperada queda dos preços e a necessidade de venda por parte de muitos proprietários, a imobiliária Solvia resumiu num estudo algumas dicas práticas para a compra de uma casa em plena fase de desconfinamento e com vista a medidas de segurança para prevenir a infeção pelo coronavírus.

Entre as recomendações estão como calcular o seu orçamento disponível, as chaves para escolher um imóvel ou os fatores a ter em conta quando se visita uma casa. Lembra-te que as agências imobiliárias já podem agendar visitas com potenciais compradores ou inquilinos, mesmo em regiões que se encontram na fase 0, desde que o imóvel esteja desabitado e que as normas de segurança sejam respeitadas.

Vejamos quais são os conselhos da Solvia para aqueles que estão a pensar em procurar uma nova casa:

As poupanças e o financiamento são as chaves do teu orçamento

A primeira coisa sobre a qual todos devem esclarecer antes de comprar um imóvel é qual é o seu orçamento. E como se calcula? Isto deve ser feito tendo em conta as poupanças e o financiamento aproximado que poderá estar disponível.

Normalmente, os bancos estão dispostos a conceder créditos habitação num montante próximo de 80% do preço de compra do imóvel ou do valor de avaliação, por isso necessitarás poupanças de cerca de 20% para o depósito do imóvel e de mais 10%-13% para cobrir as despesas da operação. Contudo, algumas entidades estão dispostas a emprestar uma quantia mais elevada, desde que o cliente cumpra uma série de condições, tais como ter um emprego estável.

Solvia assegura que, no que diz respeito ao crédito habitação, o potencial comprador "não saberá ao certo qual é o montante de financiamento disponível e em que condições até que um imóvel tenha sido identificado, embora seja possível ter um quadro de referência sobre o qual operar". Um cálculo rápido, proposto pela empresa, consiste em multiplicar por quatro o rendimento bruto familiar anual, de modo a obter um valor aproximado.

Encontrar um bom crédito habitação

Uma boa forma de saber o estado do mercado é consultar as páginas web das principais entidades ou utilizar páginas de comparação de empréstimos online, como idealista/hipotecas, para a compra de uma casa. O lado positivo, segundo a Solvia, é que não é necessário ir a uma agência bancária para entregar a documentação, podendo, no entanto, enviar um pedido online para saber se lhe pode ser concedida a hipoteca. Além disso, o setor financeiro oferece atualmente condições muito vantajosas e critérios de risco inalterados, graças ao fato das taxas de juro se encontrarem em mínimos históricos e de os bancos terem de conceder empréstimos para manter a sua margem comercial.

Por exemplo, na página web de comparação de crédito habitação idealista/hipotecas, podem ser encontradas ofertas a uma taxa variável de 0,8%+ Euribor, enquanto existem empréstimos fixos a 1,5% de juros, com condições a serem cumpridas. A diferença será encontrada nos bónus de redução de juros (por exemplo, depósito direto do salário, seguro de habitação, entre outros...) e nas taxas estabelecidas por cada banco (para a obtenção do empréstimo, para reembolso antecipado, seja parcial ou integral...).

Analisa a tua situação financeira pessoal

O estudo da Solvia recomenda que te perguntes o seguinte: "Posso dar-me ao luxo de comprar? De acordo com a empresa, a chave é ter em conta a tua estabilidade profissional específica a curto e médio prazo.

"A análise dos fatores externos relacionados com o mercado é importante, mas a chave para saber se é um bom momento para comprar é examinar o contexto económico específico. Estamos num momento de incerteza em que os despedimentos temporários (ERTE) ou as reduções do horário de trabalho (e da remuneração) estão na ordem do dia. Por conseguinte, os potenciais compradores devem ser pró-activos e avaliar a estabilidade da sua situação pessoal de emprego nos próximos meses", afirma o fornecedor.

Determinar a sua casa ideal

O estudo assegura que é necessário valorizar as novas necessidades habitacionais que o confinamento trouxe e insiste que se esta situação demonstrou alguma coisa, "é o fato de haver muitas necessidades que antes estavam em segundo plano; coisas que estavam por detrás de características como o m2, a altura, a localização em zonas centrais ou ter uma piscina comum que eram as características mais importantes". Agora, a necessidade de espaços abertos, áreas exteriores como terraços ou varandas, luz natural, eficiência energética e materiais de construção livres de tóxicos está a aumentar. Além disso, durante esta parte do processo, e graças às oportunidades que o teletrabalho oferece, vale a pena alargar a procura a zonas da periferia, onde é possível encontrar todas estas características a um preço mais acessível".

Encontrar a habitação adequada

Uma vez examinadas as necessidades da família e o seu orçamento aproximado, é altura de procurar no mercado e utilizar alternativas online antes de marcar uma visita.

"Para evitar viagens desnecessárias e exposição ao vírus, é aconselhável aproveitar as ferramentas online que criaram uma tendência durante as semanas de confinamento (planos 3D de casas, visitas virtuais, vídeos e fotos em boa qualidade...) e certificar-te de que os imóveis que se enquadram na faixa de preço marcada também cumprem os padrões de habitação e qualidade estabelecidos desde o início", diz Solvia.

Além disso, o fornecedor recomenda que se avalie previamente o bairro onde se localizam os imóveis selecionados e que se tenham em conta aspetos como: disponibilidade de centros de saúde, escolas, lojas, supermercados, restaurantes, parques, transportes públicos e tráfego, para citar alguns. Para tal, podes optar por consultar um conjunto de ferramentas online disponíveis que analisam todos estes serviços adicionais (o custo aproximado pode ser de cerca de 20 euros para um relatório completo).

Dicas para visitas imobiliárias

Depois de selecionarmos várias casas que se adaptam às nossas necessidades e orçamento, é o momento de marcar visitas. Em termos gerais, "se a propriedade é de grande interesse, seria conveniente obter a "nota simples" da propriedade, um certificado da comunidade que acredite que o vendedor não tem dívidas, o estado dos encargos da propriedade, as contas mais recentes de água, eletricidade e gás, ou o certificado de eficiência energética. Tudo isto pode ser obtido online", sublinha Solvia.

Além disso, e para evitar riscos de contágio, o estudo insiste na necessidade de "respeitar as medidas de higiene e aproveitar ao máximo cada visita para evitar viagens futuras, embora normalmente seja necessário visitar muitas propriedades antes de tomar a decisão final". Por este motivo, o conselho da Solvia conclui que "será fundamental ter cuidado com as medidas de segurança impostas e aproveitar ao máximo cada visita, prestando muita atenção a certos aspectos: orientação, isolamento, humidade possível, estado de conservação, instalações, consumo de energia ou idade".